Análise do discurso online
Trabalho de grupo - Fernanda Ledesma, Ida Brandão, Rui Costa, Vitor Reis
Curso de Doutoramento em Educação - Universidade Aberta
Educação a Distância e eLearning - Seminário e-Research
9 de Junho de 2012 (revisto em 24 Junho)
Introdução
O grande crescimento das funcionalidades da Internet trouxe uma maior facilidade à comunicação entre os indivíduos, que passaram a poder trocar informação online em tempo real. A grande quantidade e facilidade de interações/comunicações online despertam a curiosidade dos investigadores para a análise dos discursos neste modo de comunicação. Apesar de existir já uma grande variedade de ferramentas online que permitem comunicação através de vídeo e voz, a maior parte da nossa comunicação na Internet faz-se através da escrita, como por exemplo, chat e email, nomeadamente devido ao facto desta ter sido a primeira forma possível de comunicação online.
O tema deste trabalho é vasto pois a análise do discurso pressupõe interdisciplinaridade, abarcando as ciências sociais, as ciências da comunicação, a linguística e outros campos, bem como diferentes correntes teóricas e metodológicas.
Apesar de nos focalizarmos no mundo da Internet, os conceitos de «discurso» e «análise do discurso» têm referenciais importantes no século XX, nomeadamente na corrente estruturalista e em autores de referência como Saussure, Foucault, Lévi-Strauss, Jakobson, Todovov, Kristeva, Roland Barthes, Bloomfield e muitos outros.
Neste trabalho iremos focalizar-nos em investigação e literatura que aborda as particularidades e evolução da língua e da linguagem na Internet, relevando (i) o trabalho do professor de linguística David Crystal que se tem dedicado ao novo campo da linguística aplicada à Internet, (ii) a metodologia da Grounded Theory que parte da análise dos dados qualitativos para a formulação de teoria, (iii) das ferramentas de análise de conteúdo que permitem o tratamento de grande volume de dados e (iv) a vários estudos qualitativos que têm recorrido a estas ferramentas (estudos sobre a análise do discurso ou sobre as ferramentas de análise ou ambos), com base numa seleção de artigos académicos.
O trabalho é complementado por uma apresentação em PREZI disponível em - http://prezi.com/glbiilvogub3/analise-do-discurso-online/
Definições de análise de discurso (online)
A análise do discurso é um termo que cobre uma amplitude de abordagens interdisciplinares, a nível da sociologia, antropologia, ciências sociais, ciências da comunicação, linguística e outras. Estas abordagens têm diferentes origens teóricas e diferentes enfoques metodológicos.
«O tronco comum às diferentes abordagens da análise do discurso é a sua partilha da ideia de linguagem/discurso como um meio não transparente e não neutral para descrever e analisar o mundo social» (Azevedo, 1998)
A análise do discurso é uma prática e um campo da linguística e da comunicação, especializado em analisar construções ideológicas presentes num texto. É muito utilizada, por exemplo, para analisar textos dos media e as ideologias que os informam.
O discurso é a prática social de produção de textos. O discurso é uma construção social, não individual, e que só pode ser analisado considerando o seu contexto histórico e social. Para Foucault e outros pós-estruturalistas o termo discurso está associado à análise das relações entre o significado e o poder. O discurso assume que as ideias estruturam os espaços sociais e que as ideias têm um papel importante na mudança histórica, as ideias produzem transformação e não são mero reflexo da mudança. As ideias expressam-se através da lingua e esta é objeto de estudo do discurso.
«Discourse refers to very specific patterns of language that tell us something about the person speaking the language, the culture that that person is part of, the network of social institutions that the person caught up in, and even frequently the most basic assumptions that the person holds» (Whisnant, 2000)
Para Foucault o discurso reflete-se em quatro dimensões: (i) o discurso cria o mundo, pois molda as nossas perceções do mundo, numa cadeia de associações que produzem uma compreensão significativa da vida, construímos um mundo social através duma complexa interação entre experiência e educação; (ii) o discurso gera o conhecimento e a verdade, o conhecimento organiza-se através de estruturas, interconecções e associações que se constroem na língua; certos discursos, em certos contextos, têm o poder de convencer as pessoas de que são verdades; (iii) o discurso diz algo sobre a pessoa que o profere, analisando o discurso duma pessoa podemos conhecer o seu género, sexualidade, origem étnica, classe social e as relações que mantem com as pessoas que a rodeiam; (iv) discurso e poder, relacionado com as redes de poder em que se está inserido socialmente, o discurso utilizado pelo indivíduo pode denotar o grau do ascendente social, cultural e mesmo político (por exemplo, existe uma relação de autoridade quando o médico diagnostica uma doença ao doente e este acredita no que diz).
Os discursos são múltiplos, as culturas são construidas com base em discursos que competem entre si. Os discursos mudam ao longo do tempo, sofrem transformações (por exemplo, os avanços científicos e tecnológicos têm mudado o discurso).
Uma ordem de discursos é um conjunto de discursos, definido socialmente (Foucault) ou temporalmente (Fairclough), a partir de uma origem comum. São os discursos produzidos num mesmo contexto de uma instituição ou comunidade, para circulação interna ou externa e que interagem não apenas entre eles, mas também com textos de outras ordens discursivas (intertextualidade). A sua importância para a análise do discurso está em contextualizar os discursos como elementos relacionados em redes sociais e determinados socialmente por regras e rituais, bem como modificáveis na medida em que lidam permanentemente com outros textos que chegam ao emissor e o influenciam na produção de seus próprios discursos (Wikipedia).
A análise do discurso online refere-se a domínios de produção e processamento de textos onde emergem novos géneros textuais, abrigados ou condicionados pelos ambientes. Podemos citar, entre outros, os ambientes: web, email, fóruns de discussão, chat, wikis, portefólios, etc. Estes ambientes oferecem ferramentas diversas (recursos tecnológicos) ao utilizador, já que são sistemas de transmissão para envio e/ou troca de comunicações, informações, debates, etc.
O discurso online manifesta algumas particularidades decorrentes das próprias tecnologias utilizadas. O discurso humano tem nuances que os computadores não conseguem captar, como sejam a pausa, a entoação, a infleção, ou o ritmo, referência a memórias ou expectativas, e das quais muitas vezes está dependente a compreensão do conteúdo da mensagem. O computador não conhece as ligações entre – ou o contexto de – em que as palavras que são ditas.
Perspetiva da linguística aplicada à Internet
Os impactos da linguística da Internet podem ser observados no dia a dia e na influência dos estilos do discurso escrito e falado usados na Internet. Novos estilos e formatos de linguagem sob a influência da Internet e outros media, como o SMS (Short Message Service) têm permitido uma comunicação instantânea e aumentado a comunicação escrita. A sociolinguística aborda estes fenómenos em diversas dimensões, entre os quais o multilinguismo, a coexistência de várias línguas na Internet (por ex: a Wikipedia, disponibilizada em várias línguas, os vários sistemas de tradução online, etc.), ou as mudanças da língua, com algumas roturas da língua standard, a nível de pontuação, conversão de maiúsculas em minúsculas, e a utilização universal de alguns códigos (emoticons, abreviaturas...).
O professor inglês de linguística, David Crystal, há cerca de duas décadas que se dedica a analisar a evolução da língua na Internet. A sua posição relativamente às alterações ocorridas, ao contrário de alguns críticos puristas da língua, é positiva, na medida em que a encara como uma manifestação de criatividade. Por exemplo, a escrita tradicional é estática comparada com a dinâmica da escrita na Internet (diferentes cores e tamanhos no ecrã do computador). O Twitter trouxe uma nova dimensão à comunicação, o que nos leva a interrogar se os tweets representam preguiça na comunicação ou fragmentos de grande criatividade.
Os blogs constituem novas formas de escrever diários. A linguagem utilizada é despida e publicada para o mundo sem processos formais de edição. Os blogs são uma nova fase de evolução da língua escrita e tornaram-se tão populares que se expandiram para outros formatos - fotoblog, videoblog, audioblog e moblog.
Os mundos virtuais promovem um aprofundamento sobre a utilização e adaptação do uso da língua nestes novos media: utilização do texto escrito na comunicação através de chat, forum, desenvolvimento de gíria própria nas comunidades digitais, ou a utilização de emoticons, para suprir a perda de emotividade na comunicação através da máquina. O Leet, também conhecido como eleet ou leetspeak é uma alternativa ao alfabeto inicialmente usado para o idioma inglês, usado na internet. Usa várias combinações de símbolos e números no lugar das letras para substituir letras do alfabeto latino, como exemplo o LOL (de Laughing Out Loud, ou rindo alto) ou conhecido :) (sorrir).
Num artigo de 2008, o Prof. David Crystal faz uma comparação entre as características da lingua escrita e falada e as áreas de comunicação online, em que inclui a Web, o Blog, o email, o Chat, os mundos virtuais e as mensagens de telemóveis (SMS):
«Differences with speech include new patterns of turn-taking, the use of emoticons, and new conversational rhythms. Differences with writing includes issues of persistence, animatedness, hypertext linkage, and framing»
...
«Digitally mediated communication is identical to neither speech nor writing, but selectively and adaptively displays properties of both» (Crystal, 2006)
Características da língua escrita aplicadas a áreas de comunicação da Internet (traduzido de Crystal, 2006)
Escrita
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Web
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Blog
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email
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Chat
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SL
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SMS
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Limitada no espaço
A escrita está limitada a um espaço, é estática e permanente. O escritor está distante do leitor e desconhece-o.
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Sim, c/ opções extra
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Sim
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Sim, mas eliminada por rotina
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Sim, mas com restrições
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Sim, mas com restrições
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Sim, mas sai do ecrã rapidamente
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Planeada
A escrita é planeada. Existe um tempo que medeia a produção da receção. Os escritores devem antecipar os efeitos da sua escrita, eventuais problemas de interpretação pelo leitor. A escrita permite repetidas leituras e organizar a estrutura de frase mais cuidada. As unidades do discurso são mais facilmente (frases e parágrafos) identificadas pela pontuação e disposição.
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Sim
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Variável
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Variável
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Não, mas com alguma adaptação
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Não, mas com alguma adaptação
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Não
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Descontextualizada visualmente
A falta de contacto visual não pode recorrer a um contexto para clarificar o significado. Não existe feed-back imediato. A escrita evita a utilização de pronomes e advérbios de tempo e espaço (lá, cá, onde, aqui, etc.) por serem ambíguos.
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Sim, mas com alguma adaptação
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Sim
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Sim
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Sim
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Sim, mas com alguma adaptação
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Sim, a menos que seja usada câmara
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Elaboradamente estruturada
Algumas palavras e construções são características da escrita, tais como múltiplos casos de subordinação na mesma frase, padrões sintáticos e frases muito longas, por exemplo, em documentos legais (várias páginas). Alguns vocábulos nunca são usados no discurso falado, tais como composições químicas extensas.
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Sim
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Variável
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Variável
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Não
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Não
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Não
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Factualmente comunicativa
A escrita adequa-se ao registo de factos e comunicação de ideias, e a tarefas de memória e aprendizagem. Os registos escritos são mais fáceis de guardar e de digitalizar, as notas e listas fornecem mnemónicas, e o texto pode ser lido a velocidades que se adeqúem às capacidades de leitura de cada um.
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Sim
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Sim
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Sim
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Variável
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Sim, mas com alguma adaptação
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Variável
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Revista repetidamente
Erros e outras imprecisões na escrita podem ser corrigidas em sucessivos rascunhos sem o leitor imaginar que existiram. As interrupções na escrita também não são visíveis no produto final.
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Sim
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Variável
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Variável
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Não
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Não
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Não
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Graficamente rica
As características únicas da escrita incluem páginas, linhas, uso de maiúsculas, organização espacial e pontuação. Muito poucas convenções gráficas se referem à prosódia (ritmo, pontuação), tais como itálico e marcas. Alguns géneros escritos (por ex: horários, gráficos) não são próprios para leitura em voz alta, são melhor assimilados pela leitura visual.
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Sim, mas de diferentes modos
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Não, com opções sucessivas
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Não
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Não
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Sim, mas de diferentes modos
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Não
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Características da língua falada aplicadas a áreas de comunicação da Internet (traduzido de Crystal, 2006)
Língua falada
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Web
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Blog
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email
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Chat
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SL
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SMS
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Limitada no tempo
A língua falada está limitada pelo tempo, é dinâmica e transitória. Faz parte de uma interação presencial. O emissor tem um ou vários destinatários .
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Não
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Não
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Sim, mas em diferentes modos
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Sim, mas em diferentes modos
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Sim, mas em diferentes modos
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Sim
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Espontânea
A língua falada é imediata na interação entre emissor e recetor. A espontaneidade e rapidez do discurso falado não favorece um planeamento antecipado. A pressão para pensar e falar gera uma construção mais livre, repetição, paráfrase e frases fáticas, por ex: Sabe... Está a ver… A entoação e a pausa dividem longos discursos em segmentos, os limites da frase são muitas vezes pouco claros.
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Não
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Sim, mas com restrições
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Variável
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Sim, mas com restrições
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Sim, mas com restrições
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Sim
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Face a face
Na comunicação face a face, as pessoas podem recorrer a elementos extralinguísticos, como a expressão facial e o gesto para perceber melhor o significado (feedback). O léxico é muitas vezes vago, utilizam-se palavras que se referem diretamente à situação (expressões como: aquela, aqui, agora…)
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Não
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Não
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Não
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Não
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Não
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Não, a não ser com câmara
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Pouco estruturada
Muitas palavras e construções de frase são características do discurso falado, como as contrações (isn’t). São habituais frases longas e complexas (ligadas por «e»). É utilizado vocabulário disparatado (thingamagig), obscenidades, calão, ou eufemismos gráficos (f***)
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Variável
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Sim
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Variável
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Sim
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Sim
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Sim
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Socialmente interativa
O discurso falado é próprio da função da linguagem social e fática, como passar um dia ou uma parte do dia a falar casualmente. É também adequado ao estabelecimento de relações sociais e expressar atitudes pessoais, devido ao recurso à vasta prosódia e expressão não verbal.
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Não, com sucessivas opções
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Não, com sucessivas opções
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Variável
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Sim, mas com restrições
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Sim, mas com restrições
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Sim
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Revisão imediata
Há a possibilidade de repensar uma expressão enquanto o outro fala (recomeçar, acrescentar um qualificativo). Contudo, os erros, uma vez falados, não podem ser retirados; o emissor tem de sofrer as consequências. As interrupções e a sobreposição das falas são normais e audíveis.
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Não
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Não
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Não
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Não
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Não
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Não
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Prosódia rica
Uma das principais características do discurso falado e a prosódia (ritmo, entoação). As muitas gradações de entoação, contrastes de tom alto/baixo, ritmo, e outros tons de voz não se conseguem transpor para a escrita.
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Não
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Não
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Não
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Não
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Não
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Não
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Como se constata nos quadros comparativos acima apresentados, muitas das características da língua falada e escrita estão patentes na informação e comunicação digital, mas novas características surgiram, pois a dinâmica digital vem romper com o caráter estático da escrita em papel. A atualização das páginas Web está sujeita a frequentes revisões (cortes, acrescentos, reestruturações), sendo esta dinâmica absoluta nos modos síncronos de comunicação. O imediatismo da comunicação online leva, no entanto, a uma maior ocorrência de gralhas, erros e incorreções na escrita das mensagens, não havendo hipótese de revisão. Mas, por outro lado, a informação na Web é enriquecida com hiperligações, imagens, animações, vídeo, áudio. O texto adquire, assim, uma dimensão visual, que as formas tradicionais de escrita no papel não comportam. Além disso, a dimensão da comunicação online não se limita à transmissão de factos mas a uma relação social que afeta grandemente a linguagem usada.
Novas formas linguísticas surgem, por exemplo, para transporem os filtros do lixo eletrónico (spam), textos como «VI@GRA 75% off regular xxp wybzz lusfg». No que respeita à publicidade online, desenvolveram-se, entretanto, dispositivos de programação com base semântica, para evitar situações embaraçosas de publicidade de roupa infantil em sites pornográficos, publicidade de talher e facas em sites sobre crimes, de companhias de gás a oferecer melhores preços em páginas Web sobre Auschwitz.
«Traditional notions of stylistic coherence, with respect to level of formality, technicality, and individuality, no longer apply, though a certain amount of accommodation is apparent, with contributors sensing the properties of each other’s style»
…
«Ferdinand de Saussure’s classical distinction between synchronic and diachronic does not adapt well to digitally mediated communication, where everything is diachronic, time-stampable to a micro-level.» (Crystal, 2006)
Método da Grounded Theory
A Grounded Theory é um método de investigação indutiva de análise qualitativa de dados, a partir da qual é construida a teoria. Trata-se de uma abordagem invertida ao método científico, positivista, pois em vez de começar por definir uma hipótese, parte da recolha de dados no terreno (através de entrevistas, discussões de grupo e outras técnicas). Do corpus de dados são identificados os elementos principais que são codificados, extraídos das transcrições de texto. Os códigos (ou nós) são agregados em conceitos. Os conceitos são organizados em categorias, que são a base para a construção da teoria.
In grounded theory everything is integrated; it is an extensive and systematic general methodology (independent of research paradigm) where actions and concepts can be interrelated with other actions and concepts – in grounded theory nothing happens in a vacuum (Glaser, 1978; Glaser and Strauss, 1967).
As 4 fases do método
Fases | Finalidades |
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Códigos |
Identificação dos nós e elementos chave dos dados recolhidos |
Conceitos |
Coleções de códigos de conteúdos semelhantes que permitem agrupar os dados |
Categorias |
Grupos alargados de conceitos semelhantes usados para gerar a teoria |
Teoria |
Grupo de explicações sobre o assunto da investigação |
In most behavioral research endeavors persons or patients are units of analysis, whereas in GT the unit of analysis is the incident. There are typically several hundred incidents analyzed in a grounded theory study since usually every participant reports many incidents.
When comparing many incidents in a certain area, the emerging concepts and their relationships are in reality probability statements. Consequently, GT is a general method that can use any kind of data even though the most common use is with qualitative data (Glaser, 2001, 2003). However, although working with probabilities, most GT studies are considered as qualitative since statistical methods are not used, and figures not presented. The results of GT are not a reporting of statistically significant probabilities but a set of probability statements about the relationship between concepts, or an integrated set of conceptual hypotheses developed from empirical data (Glaser 1998). Validity in its traditional sense is consequently not an issue in GT, which instead should be judged by fit, relevance, workability, and modifiability (Glaser & Strauss 1967, Glaser 1978, Glaser 1998).
Desde a primeira publicação conjunta de Strauss e Glaser em meados dos anos '60 (passando pela cisão e controvérsia ocorrida entre ambos) até ao presente, muitas publicações foram editadas e muitos investigadores têm desenvolvido trabalho em torno da Grounded Theory, ocorrências reunidas na linha de tempo a seguir apresentada:
http://www.tiki-toki.com/timeline/entry/47560/Grounded-Theory/#!date=1967-01-01_12:15:01!
O Prof. Hora Tjitra, da Universidade de Zhejiang (Hangzhou, China), tem uma apresentação, em slideshare, onde explica o método da Grounded Theory, relevando os diferentes níveis de codificação - codificação aberta, codificação axial e codificação seletiva/teórica. Os procedimentos de codificação exigem uma análise minuciosa dos dados, conforme se ilustra na seguinte pirâmide:
A referida apresentação foi traduzida e adaptada no seguinte powerpoint:
(http://www.slideshare.net/idabrandao/grounded-theory-13150259)
Ferramentas de análise qualitativa de dados
Os dados recolhidos, por si só não constituem informação – quanto muito têm algum significado para os especialistas que os analisam. Por isso, é importante seleccioná-los e organizá-los de modo a evidenciar o seu significado. Pode dizer-se que os dados só adquirem valor de informação quando são inseridos num determinado contexto que os torna compreensíveis; a sua organização e apresentação tem um efeito determinante na experiência do indivíduo, afectando a aquisição de conhecimento. Será fundamental que a estrutura e a linguagem visual, escolhidas para as representações visuais, sejam apropriadas aos conteúdos informativos. Neste sentido, têm surgido várias aplicações que permitem e facilitam a organização da informação e obtenção de outputs em vários formatos.
Considerando o grande volume de dados com que a investigação qualitativa tem de lidar e o facto das técnicas a que recorre exigir o manuseamento de grande quantidade de documentos em texto, decorrentes de anotações das observações de campo, de transcrições de entrevistas e de grupos de discussões, bem como literatura vária e páginas Web, foram surgindo ferramentas informáticas para ajudar a fazer a codificação e categorização dos conteúdos.
Da pesquisa realizada foi encontrado um diretório de ferramentas - http://www.content-analysis.de/software/qualitative-analysis - que reune um número considerável de programas de análise de dados, destacando-se alguns deles:
a) MAXQDA (http://www.maxqda.com/)
O MAXQDA é um software de análise qualitativa de dados que permite avaliar sistematicamente dados qualitativos e interpretar dados textuais através da análise de conteúdos. Este software é uma poderosa ferramenta para a gestão do conhecimento, desenvolvimento de teorias e para testar as conclusões teóricas de uma análise. Esta ferramenta tem sido utilizada em diferentes disciplinas e áreas de conhecimento, nomeadamente na sociologia, psicologia, antropologia, educação, marketing, economia, entre outras.
O MAXQDA é uma ferramenta que não está limitada a um certo tipo de pesquisa, mas pode ser usada com diferentes abordagens, tais como a análise de conteúdo, a Grounded Theory e métodos mistos.
(http://youtu.be/3iZNcZ0gY8w)
O MAXQDA permite importar documentos em diferentes formatos (DOC, DOCX, RTF e PDF), imagens (JPG, GIF, MBP, PNG e TIF), textos retirados diretamente do browser da Internet, objetos diversos (gráficos de Excel, diapositivos do PowerPoint) e codificá-los para análise. Permite igualmente importar projetos criados com outros softwares de análise qualitativa de dados (NVIVO, Atlas).
No que concerne à análise de texto este software permite a transcrição direta das entrevistas realizadas pelos investigadores que desejam associar ao seu trabalho os registos em audio e/ou vídeo das suas entrevistas, permitindo sincronizar o texto com o registo audio e/ou video, facilitando o processo de análise dos dados.
A análise de dados produzida pelo programa gera diversas visualizações que facilitam a interpretação e a formulação de conclusões, como por exemplo:
O MAXQDA permite criar mapas conceptuais que resultam da análise dos diferentes dados e das relações que são estabelecidas entre os diversos elementos no decurso da codificação.
Este software permite o trabalho em equipa através do interface, partilhando o trabalho e os contributos entre os diferentes elementos e permitindo identificar os contributos individuais de cada elemento para o trabalho da equipa, possibilitando, por exemplo, a comparação da codificação realizada por diferentes elementos da equipa.
b) NVivo (http://www.qsrinternational.com/products_nvivo.aspx)
O NVivo é um poderoso software de análise qualitativa de dados que permite organizar e analisar dados em documentos (DOC, DOCX, PDF, RTF, TXT), áudio (mp3, wav e wma), vídeo (mpg, mpeg, mpe, wmv, avi, mov, mp4 e qt), fotografias e imagens (bmp, gif, jpg, jpeg, tif e tiff), tabelas de Excel ou em tabelas de base de dados. Este software está disponível em Português e permite, virtualmente, a análise de dados em qualquer linguagem, inclusive em linguagem baseada em caracteres.
O NVivo permite importar projetos realizados noutros softwares de análise de dados (FrameWork, Atlas.ti 5.2, 5.5 e 6.2, MAXQDA 2007 e MAXQDA 10).
(http://youtu.be/K3wdeZUZGVY)
O NVivo permite organizar, classificar e codificar os dados, através da criação de nós, que definem e estabelecem relações entre os diferentes dados. Este software permite a transcrição de registos em áudio e vídeo para texto, possibilitando a sincronização entre os diferentes formatos.
Os resultados produzidos pelas análises realizadas podem ser apresentados sob diferentes formas de visualização (gráficos, diagramas, árvores de classificações, nuvens de palavras, entre outras), como por exemplo:
O NVivo na versão Server permite o trabalho simultaneo de diversos elementos de uma mesma equipa de investigadores, promovendo o trabalho colaborativo e a partilha de conhecimentos, possibilitando o registo constante do trabalho individual de cada elemento que integra a equipa.
c) ATLAS.ti (http://www.atlasti.com/index.html)
O software ATLAS.ti permite analisar dados em múltiplos formatos: documentos (TXT, RTF, PDF), ficheiros áudio (MP3, AU, WMA, WAV), ficheiros vídeo (MPEG, WMF, AVI), ficheiros gráficos (TIF, GIF, EMF, JPEG e documentos do Google Earth em formato kml e kmz). O software permite utilizar todas as linguagens e caracteres em todas as suas funções.
Relativamente à codificação dos diferentes dados, o ATLAS.ti permite um número ilimitado de códigos e famílias de códigos, possibilitando a atribuição de vários códigos a um mesmo segmento de dados, tendo ainda a funcionalidade de codificação automática de texto com base na pesquisa de texto. A análise do conteúdo conta com diversas ferramentas Query e com operadores booleanos, semânticos e de proximidade.
Os arquivos de áudio ou vídeo podem ser transcritos através do ATLAS.ti usando a função A-Docs. As transcrições podem ser sincronizadas com o arquivo de vídeo ou áudio associado para que se possa saltar de um ponto particular da transcrição para a gravação original.
(http://youtu.be/0skIbvmScsE)
O ATLAS.ti permite o trabalho de uma equipa de investigadores, embora não possibilite o trabalho simultaneo no mesmo ficheiro de projeto. Permite a troca de ficheiros individuais e a exportação dos ficheiros codificados em formato pdf.
Os resultados produzidos por este programa podem ser exportados em RTF, PDF, Excel, SPSS, HTML, XML, XSLT ou em imagens (BMP e WMF).
d) webQDA (https://www.webqda.com/flash_content/flash_content.html)
O webQDA é um software de análise de dados qualitativos que resulta de uma parceria entre a Universidade de Aveiro e uma empresa nacional de desenvolvimento de software, disponibilizado actualmente apenas em Português.
Este sofware utiliza um design estrutural semelhante aos softwares comerciais como o NVivo, Atlas.ti e MaxQDA, com a principal diferença de que pode ser utilizado por vários investigadores/pesquisadores, permitindo trabalhar colaborativamente online em tempo real, já que está disponível através de um ambiente colaborativo distribuído como a Internet, disponibilizando igualmente um serviço de apoio à investigação.
O webQDA apresenta-se como um software específico destinado à investigação qualitativa em geral, que permite a análise de conteúdo de dados não numéricos e não estruturados, proporcionando aos seus utilizadores a possibilidade de editar, visualizar, interligar e organizar documentos. Permite ainda criar categorias, codificar, controlar, filtrar, fazer buscas e questionar os dados no intuito de obter respostas às questões de investigação. O webQDA permite tratar dados oriundos das mais diversas fontes: relatórios clínicos, processos judiciais, documentos pessoais, notas de campo, fotografias, vídeos, depoimentos, documentos oficiais, entre outros.
O sistema de codificação contempla diversas “dimensões”, “categorias” e “subcategorias”, algumas destas categorias são descritivas (descritores e classificações), outras são interpretativas (codificação livre e em árvore).
No que diz respeito aos resultados produzidos, o webQDA permite a construção de matrizes, modelos e relatórios a partir das unidades de texto codificadas e relacionadas.
e) The Ethnograph (http://www.qualisresearch.com/default.htm)
The Ethnograph é um software de pesquisa qualitativa e análise de dados que facilita a gestão e análise de dados em texto tais como transcrições de entrevistas, grupos de discussão, notas de campo, diários, actas de reunião e outros documentos.
De acordo com a homepage Ethnograph é o software mais utilizado para análise de dados qualitativos desde 1985.
Para além dos programas acima descritos existem outros que permitem igualmente a análise do discurso online em diferentes formatos, destacando-se:
f) VideoScribe (http://videoscribe.com/)
O VideoScribe é uma ferramenta que permite auxiliar os investigadores envolvidos na análise de observações e interações registadas em vídeo. O software permite gravar em vídeo/áudio entrevistas e grupos de discussão, possibilitando de igual modo a importação de registos nesses formatos gravados por outros dispositivos. O programa permite associar ao registo vídeo/áudio a transcrição do discurso e a codificação dos diferentes segmentos do conteúdo, incluindo um conjunto de ferramentas de análise do discurso.
g) Uma boa solução Open-source - Weft QDA (http://www.pressure.to/qda/)
Uma solução fácil de usar, gratuita (open-source) é uma ferramenta para a análise de dados textuais, tais como transcrições de entrevistas, notas e outros documentos. O software não é atualizado, mas a versão atual que está disponível, inclui algumas características do padrão CAQDAS.
h) Soluções para analisar dados complicados, imagens e áudio
- Etno é um programa online, em Java, que ajuda a analisar eventos sequenciais
- Kwalitan é um programa de armazenamento eficiente dos dados e oferece vários recursos para analisar o material qualitativo. Pode analisar texto, imagens, fragmentos de áudio e fragmentos de vídeo.
- NovoSpark Visualizer é um programa de visualização avançada, rico em recursos que permitem a análise qualitativa de dados multi-dimensional numa imagem gráfica.
Exemplos de estudos
Duma pesquisa de artigos académicos foi possível encontrar referência a vários estudos de natureza qualitativa que recorrem à análise do discurso online e à utilização de ferramentas de análise de conteúdo. Iremos dar alguns exemplos:
a) The Knowledge Space Visualizer: a Tool for Visualizing Online Discourse (Teplovs, 2007)
O artigo incide sobre a utilização duma ferramenta de análise qualitativa de dados designada Knowledge Space Visualizer (KSV - vide nodes) que recolhe dados dum forum (Knowledge Forum) para tratar as interações entre os participantes, estabelecendo relações, de natureza estrutural, de autor, semântica e com códigos definidos pelos investigadores. Faz a análise semântica das peças de escrita e utiliza uma ferramenta estatística designada Latent Semantic Analysis (LSA) para extrair o significado profundo dos padrões de palavras em contextos específicos de uso. A ferramenta produz vários diagramas estabelecendo as relações entre estes nós e categorias. Exemplos:
b) Learning outcomes and students' perceptions of online writing: simultaneous implementation of a forum, blog and wiki in an EFL blended learning setting (Miyazoe & Anderson, 2009)
O artigo é da co-autoria de dois professores duma universidade japonesa (T. Miyazoe) e duma universidade canadiana (T. Anderson) e analisa os impactos da utilização de três ferramentas online (forum, blog, wiki) na aprendizagem da lingua inglesa (lingua estrangeira) na universidade de Tóquio, em regime de b-learning. A metodologia utilizada no estudo recorreu a questionário, entrevista e análise de texto para triangulação, tendo concluído que os estudantes tinham uma perceção positiva na utilização das ferramentas online com preferência para o wiki.
Foi utilizada uma ferramenta online para análise de texto - Textalizer - http://textalyser.net/ , por ex:
...
c) Discourse Analysis and Role Adoption in a Community of Practice (Thomson, Reeves-Lipscombe, Stuckey & Mentis, 2007)
Este artigo descreve um projeto de análise de discurso que explorou as conversas online e a sua relação com a aprendizagem individual e em grupo, através do envolvimento dos participantes num workshop online com a duração de sete semanas. O workshop consistia numa comunidade de prática imersiva que cultivava a aprendizagem num grande ambiente assíncrono.
Os investigadores tiveram por base as seguintes questões de investigação sobre o discurso neste ambiente de aprendizagem online baseado numa comunidade de prática:
1. De que forma as conversas que exibem um maior nível de interação estão relacionadas com os autorrelatos de aprendizagem significativa?
2. Como estão relacionadas as áreas percebidas como de maior aprendizagem com a oportunidade de adoção de papéis pelos participantes na comunidade de prática online?
O artigo identifica um conjunto de referenciais teóricos atualmente disponíveis para a análise do discurso online e documenta os processos envolvidos no uso do modelo de análise selecionado para examinar a aprendizagem no workshop online. A metodologia adotada no estudo consistiu numa abordagem exploratória largamente baseada na análise do discurso social online. O artigo também descreve o desenvolvimento de um modelo de análise dos papéis adotados pelos participantes nas discussões (Líder do pensamento, facilitador, mentor e participante). O artigo relata as relações dos níveis de interação social e da adoção de papéis para os aspetos auto relatados de aprendizagem significativa.
Finalmente, os investigadores relatam as dificuldades em selecionar a ferramenta de análise de discurso adequada ao ambiente de aprendizagem que serviu de contexto à investigação, concluindo que de futuro seria vantajoso tentar definir que ferramentas são adequadas para os diferentes ambientes interativos.
d) Análise do Discurso Instrucional em Ambiente Virtual de Aprendizagem (Costa, S. R., 2009)
Este artigo parte do pressuposto de que as relações de força e poder são mediadas pelo discurso instrucional, que têm como objetivo fazer o sujeito-aluno executar com eficiência e eficácia as tarefas académicas virtuais não-presenciais.
Resumo: As relações de poder estabelecidas na interação virtual entre professor/aluno são mediadas pelas consignas cujo objetivo é fazer o sujeito/aluno executar com eficiência e eficácia, nem sempre conseguidas por causa da “navegação” online livre as tarefas acadêmicas não-presenciais e possuem implicações tanto na constituição da identidade desses sujeitos quanto no seu domínio cognitivo de processamento de textos em ambiente virtual.
Trata dos efeitos (meta)cognitivos no processamento do discurso no processo de compreensão (leitura) e na produção textuais, com possíveis implicações na constituição da identidade desses sujeitos. Análise de discursos produzidos nos ambientes fórum, chat.
Objetivos:
(i) compreender o processo de construção das relações de força e poder que é estabelecido na interação virtual entre os sujeitos da interlocução (instituição, coordenador, professora, tutores, monitores e sujeitos-aprendizes) dessa comunidade;
(ii) verificar que implicações e efeitos se dão na constituição da identidade dos sujeitos/aprendizes e no domínio cognitivo do processamento de textos (leitura e produção) em ambiente virtual.
Pretende-se inferir em que mudam as relações de interação, as estratégias linguístico-discursivas ou mesmo a constituição da identidade desses sujeitos quando passam de disciplinas lecionadas de modo presencial, para disciplinas lecionadas online. A questão que se coloca é, se nesta transposição de comunidades de visão diversificante, mudam as relações de interação, as estratégias linguístico-discursivas de comunicação, as estratégias de produção e compreensão de uma escrita hipertextual por natureza ou mesmo a constituição da identidade dos sujeitos?
Para análise, fizeram alguns recortes dos discursos que circulam no ambiente virtual de aprendizagem produzidos por professores, tutores, formadores, coordenadores e estudantes, segundo as seguintes categorias:
a) Discurso da Instituição presente
b) Discurso inicial da Professora Formadora
c) Discursos das agendas/tarefas
d) Discursos do perfil dos intervenientes
e) Discursos dos chats
f) Discursos do fórum
Artigo disponível em: http://www.hipertextus.net/volume2/Sergio-Roberto-COSTA.pdf
e) Interação(ões) online e categorias de análise sobre interações: Um diálogo em construção (Bento. S. D & Ferreira M., 2009)
Este artigo tem por objetivo apresentar as categorias que estão a ser utilizadas para análise das interações online. Para tal, foi feito um trabalho de investigação de vários autores que apresentam categorias centradas em processos de comunicação realizados em diversos contextos e situações de interação. O caminho metodológico utilizado para este estudo foi uma meta-análise realizada a partir de uma revisão da literatura sobre as categorias de análise da interações comunicativas em contexto educativo.
A questão que se coloca é: quais são as teorias e categorias de análise que estão a ser utilizadas para refletir e analisar as comunicações interativas entre os sujeitos via ambiente de aprendizagem online?
Parte da resposta foi encontrada pela análise dos modelos recenseados, pois os autores que trabalham as propostas de interações online, como Primo, Gunawardena, Ferreira & Santos e Mehlecke, procuraram fundamento teórico em autores como Flanders, Habermas, Bellack, Backtin, Austin e Searle que trataram dos movimentos comunicativos interativos em contexto de sala de aula presencial.
Primeiro foi feita uma revisão de autores e categorias mais utilizadas nos ambientes presenciais de aprendizagem, para depois se aproximarem da análise da temática aos ambientes online.
Os modelos de categorias a), b), e c) referem-se aos modelos de categorias mais utilizadas nos ambientes presenciais de aprendizagem que podem ser consultadas no artigo.
a) Categorias de análise de Flanders
b) Categorias de análise de Bellack
c) Categorias de análise da ação comunicativa em Habermas
d) Categorias de análise de Alex Primo(2007)
Este autor parte da proposição de que tudo é interação, desde o clicar com o computador às interações humanas. “Uma abordagem que se preocupa basicamente com o relacionamento entre os interagentes – Muito diferente das perspectivas tradicionais que se dedicam ao estudo do interagente individual ou à análise do meio” (Primo, 2007).
Neste sentido, as categorias apresentadas por este autor, distinguem, essencialmente duas posições de interação:
i) Interação mútua – comunicação bidirecional
ii) Interação reativa – feedbacks
Muitas são as análises investigativas que têm assumido as categorias propostas por este autor para analisar as interações online.
e) Categorias de análise de Gunawardena
O modelo de Gunawardena sobre as interações online foi um dos pioneiros na análise da Comunicação Mediada por Computador. O estudo, efetuado por Gunawardena, Lowe & Anderson (1997), atende à finalidade de análises de interações mediadas por computador, assim como às negociações sociais e co-construções do conhecimento do ensino colaborativo propiciado por conferências via computador. Propondo um modelo de análise dessas interações em cinco fases de evolução (Gunawardena, Lowe & Anserson, 1997):
Fase 1 – Compartilhamento e comparação de informações: fase inicial, de apresentação de opiniões sobre o assunto em questão, definição e descrição ou identificação do problema;
Fase 2 – Descoberta e exploração de discordâncias: fase exploração de pontos convergentes e divergentes de ideias entre os participantes;
Fase 3 – Negociação de significado e coconstrução do conhecimento: fase de negociação de significados, propostas de co-construções para integração e consenso;
Fase 4 – Teste e modificação de sínteses propostas/coconstrução: fase de apresentação de sínteses, comparação de novas ideias, com posicionamentosindividuais e a outras referências;
Fase 5 – Entendimentos/aplicação de novas coconstruções: fase de apresentação de sínteses de construções do grupo, sendo uma espécie de versão final dessas construções.
O modelo proposto por estes autores é de fundamental relevância para o avanço das análises de interações online,
f) Categorias de análise de Ferreira & Santos (2008)
O ponto de partida do modelo dos autores “é um refinamento das fases de colaboração propostas por Gunawardena, no sentido de acoplar e destacar atos comunicativos individuais e suas características interativas, ambos referentes ao processo criativo conjunto” (Ferreira &Santos, 2008). Neste sentido, no seu modelo, propõem 23 categorias que descrevem os atos comunicativos que propiciam uma análise do processo de criação do conhecimento colaborativo a nível individual, e 14 categorias do processo de criação do conhecimento a nível que podem ser consultadas no artigo.
g) Categorias de análise de Mehlecke
O modelo proposto por Mehlecke (2006) de análise das interações online apresenta as seguintes categorias:
Critério Atudinal
i) Crítico/reflexivo: intervenções críticas, promove reflexões e promove questionamentos;
ii) Explicativo: explica, orienta, responde a questionamentos;
iii) Fático/Incentivo: faz-se presente no ambiente, incentiva a participação.
Estratégias Interacional
i) Enunciativa Diretiva: informações gerais sobre a temática em estudo;
ii) Responsiva e de caráter restrito; perguntaresposta: em resposta às questões feitas pelos alunos; monólolo;
iii) Dialógica: quando acontece troca de ideias, discussões, reflexões entre professores e alunos.
Artigo disponível em http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/19266
Conclusão
A análise do discurso online é um vasto campo para ser investigado nas suas múltiplas abordagens. A Internet pode ser explorada para o bem e para o mal. Do lado positivo está o acesso aberto a uma imensidão de documentos e informação, num crescimento constante. O multilinguismo é uma oportunidade para a revitalização das línguas e da comunicação, pois a Internet une pessoas de todo o mundo a comunicar por email, chat e outras plataformas. Do lado negativo está a possibilidade de germinação de atividades terrotistas, fraude, pedofilia, questões de segurança e proteção.
Constatamos uma relação estreita entre a evolução da tecnologia aos diferentes estilos de comunicação: blogs com um elevado nível de elaboração do discurso, redes sociais com discussão superficial, ou com expressão limitada a 140 caracteres (Twitter), websites institucionais com informação e comunicação mais formal, jornais digitais, enciclopédias multimédia, a variedade é grande e a tecnologia continua a evoluir o terá os seus impactos no uso da lingua e surgimento de novas linguagens.
No plano da investigação os métodos qualitativos, nomeadamente os estudos de caso e método da «grounded theory», beneficiarão das ferramentas, cada vez mais sofisticadas, para analisar o texto e o discurso, facilitando a codificação de conteúdos e conceitos e as suas relações, ajudando a interpretar a realidade duma forma mais objetiva.
Bibliografia Anotada
Metodologias Qualitativas. Análise do Discurso (1998), José Azevedo
O artigo desenvolve a definição de «discurso» e «análise do discurso», em duas perspetivas: (i) numa ótica filosófica mais tradicional da relação entre retórica e discurso, das «qualidades performativas do discurso», correspondendo as práticas discursivas a práticas sociais resultantes de relações de poder concretas; e (ii) numa ótica de tradição anglo-saxónica, no campo concreto da psicologia social «procurando evidenciar a forma como a análise do discurso estrutura um novo paradigma, com importantes diferenças ao nível epistemológico e metodológico da clássica análise do conteúdo».
Foucault & Discourse (2000), Clayton Whisnant
Pequeno artigo que sistematiza conceitos relacionados com o discurso, na perspetiva de Foucault. Aborda os aspetos de operacionalização do discurso e os múltiplos discursos, consoante o contexto cultural e o contexto histórico do tempo.
Foucault e a Análise do Discurso em Educação (2001), Rosa Maria Bueno Fisher
Artigo brasileiro que se debruça sobre «os conceitos da teoria do discurso de Michel Foucault, especialmente os conceitos de enunciado, prática discursiva, sujeito e heterogeneidade do discurso. A partir do referencial foucaultiano, explicita-se a íntima relação entre discurso e poder, bem como as várias e complexas formas de investigar as ‘coisas ditas’. O objetivo é mostrar a produtiva contribuição desse referencial teórico e metodológico para as pesquisas em educação, nas quais se pretende ‘analisar discursos’».
Critical Discourse Analysis (2003), Norman Fairclough
O artigo analisa a metodologia da «critical discourse analysis», que se enquadra nas abordagens da análise social do discurso, reconhecendo a evolução feita ao longo dos trabalhos desenvolvidos desde a publicação de «Language and Power» em 1989 e «Analysing Discourse: Textual analysis for Social Research» em 2003, do mesmo autor. Interessado nos processos mais recentes de transformação social, onde se enquadram os termos «neoliberalismo, globalização, transição, sociedade de informação e sociedade do conhecimento», pretende realçar uma abordagem transdisciplinar da análise do discurso. Faz a análise de documentos de estratégia europeia e internacional, documentos da OCDE e da Comissão Europeia, nomeadamente o plano de ação e-Europe de 2000 e a sua transposição na Roménia.
Discourse Analysis and the Critical Use of Foucault (2005), Linda J. Graham
Comunicação apresentada na Associação australiana de Investigação em Educação, onde desenvolve o tema da análise do discurso à luz da obra de Foucault e dos seus trabalhos da fase post estruturalista. Confronta-se a metodologia da «Critical Discourse Analysis» que proporciona um quadro de análise sistemática do funcionamento da língua nas relações de poder e uma perspetiva dos post estruturalistas para os quais o processo da análise do discurso é sempre interpretativo, sempre contingente, é sempre uma versão ou uma leitura, em certa medida, dum ponto de vista ético, teórico ou epistemológico (Wetherall,2001). A comunicação aborda o caso particular das perturbações da atenção e hiperatividade em contexto escolar, referindo o discurso médico/psicológico e a sua transposição para o contexto escolar.
Chapter 5. The grounded theory method and case study data in IS research: issues and design (2005), Walter Fernandez
Capítulo duma publicação dum professor da Universidade Nacional da Australia (Escola Superior de Empresas e Gestão da Informação) que faz a história e a caracterização da Grounded Theory e a metodologia de estudo de caso.
The Scope of Internet Linguistics (2005), David Crystal
Artigo sobre a criação de um novo ramo da linguística aplicada à Internet. Considerando a Internet como um novo meio de comunicação mediado pelo computador, necessita de uma análise naquilo que o diferencia das formas tradicionais de comunicação da língua escrita e da língua falada. Os diferentes formatos de comunicação surgidos nas duas últimas décadas neste ambiente (chat, instante messaging, webpages, sms, etc) trouxeram mudanças a nível do vocabulário, gramática, pronúncia, e, à medida que a Internet se torna multilingue, gera outras mudanças.
An Analysis of Peer Interaction Patterns as Discoursed by on-line Group Problem-Solving Activity (2006), Chen-Chung Liu e Chin-Chung Tsai
Um artigo de investigadores de Taiwan que analisaram as interações em fórum de discussão de estudantes de 57 escolas superiores de ciências computacionais em que foram organizados 14 grupos (aleatórios) para solucionarem problemas de programação. O estudo analisou o conteúdo e discurso do fórum de discussão. As questões de investigação incidiam em: (i) conhecer os tipos de interações entre pares que os estudantes desenvolviam em trabalho de grupo em atividades online de resolução de problemas; (ii) que padrões de interação entre pares podiam ser observados, recorrendo ao modelo IBIS; (iii) de que forma os estudantes com diferentes capacidades afetavam essas interações.
Constataram cinco padrões de interações entre pares no que respeita à aquisição de conhecimento: (i) «centralized knowledge exchange»;(ii) «distributive knowledge exchange»; (iii) group development impediment; (iv) ability impediment; (v) partial knowledge Exchange. Constataram que o background de alguns estudantes com determinadas capacidades tinham um importante papel na troca de conhecimentos com os seus pares e nalguns casos tendiam para um particular padrão de comunicação. Constataram que em grupos mais pequenos com membros com maiores capacidades, esse facto nem sempre garantia maior sucesso ao trabalho de grupo.
The Knowledge Space Visualizer: a Tool for Visualizing Online Discourse (2007), Chris Teplovs
Artigo sobre a descrição da ferramenta KSV (Knowledge Space Visualizer) de visualização de dados. A ferramenta analisa dados e respetivas relações de natureza estrutural (tipo «responder a», referência, anotação), de autoria, a nível semântico ou derivada de codificações feitas pelo investigador. Os dados são retirados das interações que ocorrem num fórum de discussão e a sua análise é traduzida em diagramas de nós e categorias.
Discourse Analysis and Role Adoption in a Community of Practice (2007), Thomson, Reeves-Lipscombe, Stuckey e Mentis
Artigo que descreve um projeto de análise de discurso que explorou as conversas online e a sua relação com a aprendizagem individual e em grupo, através do envolvimento dos participantes num workshop online com a duração de sete semanas. O artigo identifica um conjunto de referenciais teóricos atualmente disponíveis para a análise do discurso online e documenta os processos envolvidos no uso do modelo de análise selecionado para examinar a aprendizagem no workshop online.
The Changing Nature of Text: a Linguistic Perspective (2008), David Crystal
O artigo aborda as mudanças do uso da língua no ambiente da Internet, diferenças de discurso, padrões de mensagem e resposta, uso de emoticons, novos ritmos de conversação. Interroga-se como tratar textos cujas margens estão em contínua mudança, como é o caso dos blogs ou dos fóruns, questões de autoria, de moderação e de interatividade. Faz a caracterização da língua escrita e falada em termos tradicionais e as mudanças provocadas na sua utilização em ambiente de Internet.
Txting: frNd or foe? (2009), David Crystal
Artigo publicado em «The Linguist» sobre as mensagens de SMS, interrogando se estas são a causa do declínio da literacia, se as novas formas de textos representam uma adulteração da língua ou uma forma criativa de comunicação.
Learning Outcomes and Students’ Perceptions of Online Writing: Simultaneous Implementation of a Forum, Blog and Wiki in an EFL Blended Learning Setting (2010), Terumi Miyazoe e Terry Anderson
O artigo analisa a eficácia de três atividades online num curso universitário: forums, blogs e wikis. Estas atividades são desenvolvidas numa perspetiva construtivista, de aprendizagem colaborativa e de reflexão. Parte do artigo decorre dum estudo qualitativo realizado com um curso de Inglês, como língua estrangeira, na Universidade de Tóquio, utilizando um método misto de inquirição, entrevista e análise de texto. O estudo conclui que os alunos beneficiam e têm progressos na aprendizagem do inglês com recurso ao fórum, blog e wiki, tendo os estudantes preferência pelo wiki.
Critical Discourse Analysis in Organizational Studies: Towards an Integrationist Methodology (2010), Lilie Chouliaraki e Norman Fairclough
Artigo sobre a aplicação da metodologia da «Critical Discourse Analytical» aos estudos da gestão das organizações, defendendo uma orientação integrada da metodologia de investigação, privilegiando a transdisciplinaridade ao rigor.
Semantic Targeting: Past, Present and Future (2010), David Crystal
O artigo explica a noção de «semântica» utilizada no contexto da Internet em geral e da publicidade em particular. Aborda as questões de colocação inapropriada da publicidade online e a necessidade de se aperfeiçoarem dispositivos de categorização semântica, combinando uma análise do léxico e uma taxonomia semântica construída para o efeito.
New Trends and Traditions on the Internet (2011), David Crystal
O artigo faz uma reflexão sobre o corpus linguístico estável a que estávamos habituados (textos em cartas, entrevistas, publicidade, notícias, livros, jornais, obras de ficção, poemas, etc) e a mudança do texto (texto sem fronteiras) em ambiente da Internet, com análise de textos retirados da Internet.
Stop. Write! Writing Grounded Theory (2012), Barney G. Glaser
Artigo recente de Glaser publicado na Grounded Theory Review, onde produz recomendações aos estudantes que estão a fazer investigação recorrendo a esta metodologia para estabelecerem os limites na análise de dados e começarem a escrever a tese. Considera que a fase de escrita é uma das fases do método e não algo que vem depois.
Constructivist Grounded Theory? (2012), Barney G. Glaser
Artigo recente de Glaser publicado na Grounded Theory Review, crítica ao artigo de Charmaz que também aborda o mesmo tema. Glaser contesta a abordagem de Charmaz duma Grounded Theory (GT) construtivista, parecendo-lhe que a abordagem desta é uma reformulação que se afasta da GT original.
Referências bibliográficas
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Vários artigos em:
http://www.livebinders.com/edit/index/406922
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